Agosto e o Real Peso da Advocacia

Agosto e o Real Peso da Advocacia

Postado em 11/08/2025

Por  Carlos Barros - Advogado Criminalista e Diretor-Geral da ESA/OAB-PE


Em agosto, entre discursos e homenagens à advocacia, lembramos que vivemos entre dois mundos: o da legítima esperança do cliente e o de um sistema que nem sempre coopera.

Advogar não é glamouroso. O reconhecimento, quando vem, não chega com fogos nem aplausos — e, às vezes, repousa num simples “obrigado” ao fim de uma audiência ou de um processo que só o cliente lembrará.

Advogar pesa. Uma procuração é só uma folha de papel com meia dúzia de palavras e uma assinatura, mas pesa. E muito. Com ela, carregamos o peso da confiança alheia.

Por isso, advogar exige estudo constante — e, vez ou outra, humildade para revisar premissas, domar o ego e refazer percursos. A lei muda, a jurisprudência oscila, os prazos esmagam; quem se apoia só no diploma vira espectador do próprio soçobro.

Não romantizemos: por vezes, advogar esgota. Mas quando o sistema tenta nos dobrar, nós nos adaptamos, nos refazemos, nos ancoramos — no saber cultivado e na força de quem caminha ao nosso lado.

E a pele, aos poucos, se adensa.

E seguimos de pé.

Em agosto, mais do que celebrar, vale lembrar o que mantém a advocacia viva: preparo, persistência e a dignidade de resistir sem alarde.

Porque coragem sem qualificação é só teimosia com terno.